No último natal Alice decidiu que não queria um presente convencional. Gato, cachorro e passarinho ela não queria mais. “Nada de bicho normal”, disse ao namorado, que pôs-se a procurar tal animal. “Furões se afogam na privada”, avisou um amigo do trabalho, “e tartaruga só fica presa no aquário”, emendou uma prima da namorada. Restando ao prestativo João dar uma cobra píton de presente à amada.
Dizem que o namoro desandou por culpa do bebê píton, batizado por Alice de Edgar. Parece que João não gostou de ver uma cobra em seu lugar. No início tudo bem, Edgar era pequenino. “Só um metrinho”. Mas um ano e três metros depois o quarto e sala ficou pequeno demais para os dois. Alice nem ligou, Edgar era melhor companhia, comia os ratos que lhe eram dados e não reclamava que a comida estava fria.
Mas como em todo relacionamento, a crise não tardou a chegar. “Alôu, é do veterinário?”. “Sim, senhora, pode falar”. “Minha cobra está deprimida, acho que quer se matar”. “Olha, moça, a senhora vai ter que elaborar”. Alice explicou que não sabia o que tinha o pobre Edgar. Estava prostrado, não sabia o que havia de errado. Não comia e acordava todo dia ao seu lado, com o olhar desolado.
“Dona Alice, presta atenção”, disse o veterinário, soando preocupado, “Edgar precisa ser sacrificado”. “Nem morta”, respondeu Alice, pondo-se a chorar. “No meu Edgar é que o senhor não vai encostar”. Meio sem jeito, o veterinário tomou fôlego e bradou, sem hesitar:
“Dona Alice, essa píton quer te jantar”.
"words are poisoned darts of pleasure" FF
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5 comentários:
hahaha sensacional!! bjsss
Adorei os "coelhos"! Aliás, eles serão sempre preferíveis a pítons!
haha, eu ia dizer amanhã, mas vá lá: é muito surpreendente isso. o final... impecável. gostei bastante.
bj
(:
aquele não foi pra aula do Paulo não, hehe. Tinha escrito mês passado e tava guardado esperando uma guaribada final ;)
eu gosto das albinas com olhos vermelhos. elas comem coelhos... 2 por vez. a minha (que não era albina) chamava-se luz e conseguiu descer 6 andares de escada e aparecer na rua para ser apedrejada por crianças. ela bem que poderia te-los comido.
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