"words are poisoned darts of pleasure" FF

sexta-feira, 22 de maio de 2009

Aspira(dor)

O Tamanduá-bandeira tem apetite para formigas e nasceu com um aspirador; uma dessas maravilhas da natureza, milagre da especialização. Gosta de formigas, caça formigas, aspira formigas – está satisfeito. Sem essa baboseira de ter apetite pra tudo, de querer sugar para si todos os sonhos do mundo. Somos anatomicamente incompatíveis com esse desejo. Quisera eu, uma pelagem cinza com imponente listra preta, um formato assustador e vontade de formigas apenas; formigas e só. Eu aspiro, aspiro, aspiro e só expiro pó.

*pra continuar no mundo animal, mais um exercício para a oficina. Tínhamos que versar sobre um objeto, uma fruta ou um animal - metaforizando ou não.

5 comentários:

Paulo Henrique Motta disse...

O sabonete

É sedoso e perfumado
Colorido e espumante
Que no banho é tão usado
Na banheira dos amantes

Delicadas aparências
Formas côncavas, oblíquas
Eu só penso em indecências
Saboteio minhas rimas

No banheiro dos solteiros
Ele vive tão sozinho
E só tem de companheiro
Um temível pentelhinho.


** eu tb fiz na oficina.
bjinhos

Luiza, disse...

hahaha adorei!
O Paulo disse que ano passado ele tinha limitado mais o exercício. O seu ficou ótimo.

=)

Paulo Henrique Motta disse...

pois é.
acho que era pra falar só sobre o sabonete e/ou amêndoa... agora não lembro.

bjinhos

Anônimo disse...

O tamanduá é mto maior que o das demais vogais! (foi mal a piada infame!)

Carlos Jannarelli disse...

Muito bom!
O livre-arbítrio, a consciência e capacidade de criar e fazer às vezes parecem fardos, né? É que exigem muita responsabilidade. Tipo aquela simbologia do dilema ético do super-herói que pode fazer o que quiser.
Quanto mais poder mais responsabilidade necessária.
Gostei muito desse seu texto. Realmente é um convite para a reflexão. A simplicidade. Quantas vezes já me encontrei pensando isto ao olhar uma criança de família ou um bicho de estimação. :)

Beijos